Investigadores canadianos relataram que ratos com uma doença semelhante à esclerose múltipla recuperaram, tendo sido suprimido o ataque imunitário que conduz da doença, quando a equipa lhes administrou o “GIFT15” – um composto formado pela fusão de duas proteínas imunitárias. O Dr. Jacques Galipeau (médico da Universidade McGill, em Montreal) e os seus colegas relatam o que descobriram na revista Nature Medicine (9 de Agosto de 2009).
Antecedentes: A esclerose múltipla ocorre quando o sistema imunitário ataca o cérebro e a espinal-medula. Há muito que se sabe que as células imunitárias T têm um papel importantíssimo nestes ataques, mas há cada vez mais evidências sobre o papel desempenhado pelas células B. Os investigadores relataram que – tal como um sub-conjunto de células T chamadas “T regs” pode regular ou suprimir um ataque imunológico – existe um sub-conjunto de “B regs” que poderia ser capaz de fazer o mesmo.
O estudo: A equipa do Dr. Galipeau desenvolveu um composto chamado “GIFT15” fundindo conjuntamente duas proteínas imunitárias (GM-CSF e interleucina-15). Pretendiam originalmente usar o composto para estimular a rejeição de tumores pelo sistema imunitário, mas descobriram que ele tinha uma poderosa e inesperada capacidade de suprimir o sistema imunitário. Prosseguindo os estudos, adicionaram o GIFT15 a células B isoladas em lamelas laboratoriais, constatando que ele transformava as células B em B regs. Para testar as suas características imunosupressoras, a equipa administrou então as células B regs a ratos com EAE (encefalomielite alérgica experimental), uma doença semelhante à esclerose múltipla. Descobriram que o tratamento suprimia o ataque imunitário e fazia desaparecer os sintomas clínicos.
Comentário: “Esta estratégia é nova porque se foca na amplificação das capacidades das células imunitárias B do próprio corpo de pararem o ataque, mas muito mais investigação será ainda necessária antes de se saber se esta aproximação será realmente útil para tratar eficazmente e com segurança seres humanos – e não apenas ratos – afectados pela EM”, diz o Dr. John Richert, Vice Presidente Executivo para a investigação e programas clínicos da National MS Society (EUA). “Esperamos vir a saber mais sobre as células B regs e como poderemos dominá-las para as usar em estratégias terapêuticas na EM.
Fonte: NMSS – Natonal Multiple Sclerosis Sciety